Compreendendo o trauma: A abordagem dos três tempos de Sándor Ferenczi
- Ana Luiza Faria
- 6 de set. de 2023
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Por Ana Luiza Faria

Sándor Ferenczi, um dos pioneiros da psicanálise, ampliou a compreensão de como os traumas podem afetar a psique humana ao desenvolver a teoria dos "Três Tempos do Trauma". Essa abordagem única e perspicaz explora as diferentes fases que uma pessoa atravessa durante o processo de lidar e curar os efeitos traumáticos. Cada fase representa um marco crucial na trajetória de cura, permitindo que o indivíduo recupere gradualmente o equilíbrio mental e emocional.
O primeiro tempo do trauma é o "tempo do acontecimento". Nesse estágio, a pessoa experimenta o evento traumático em si, muitas vezes de maneira avassaladora. O impacto emocional e psicológico é profundo, e a pessoa pode se sentir imobilizada pela intensidade das emoções negativas. Esse é o momento de choque e incredulidade, onde a realidade parece distorcida e difícil de aceitar. O trauma é vivido repetidamente através de flashbacks e pesadelos, e a pessoa pode experimentar uma despersonalização dolorosa.
O segundo tempo é o "tempo da repetição". Aqui, a pessoa revive o trauma de maneiras que podem ser menos diretas, mas igualmente avassaladoras. Essa fase é marcada por comportamentos e relacionamentos que ecoam os padrões traumáticos originais. A repetição pode ocorrer inconscientemente, como se a pessoa estivesse tentando encontrar uma resolução para o trauma através da recriação das circunstâncias traumáticas. Isso pode levar a ciclos de autodestruição, relacionamentos abusivos ou escolhas de vida prejudiciais.
O terceiro tempo é o "tempo da elaboração". Nesta fase, a pessoa começa a enfrentar o trauma de maneira mais direta. Através da terapia e do autoconhecimento, ela explora as emoções profundas associadas ao evento traumático e começa a trabalhar para integrar essas experiências em sua identidade. Esse é um processo doloroso, mas crucial, onde a pessoa ganha uma nova perspectiva sobre o trauma e suas implicações em sua vida. Ela começa a quebrar os padrões de repetição e a construir estratégias saudáveis para lidar com as emoções.
É importante reconhecer que os "Três Tempos do Trauma" de Ferenczi não são necessariamente uma sequência linear e rígida. As fases podem se sobrepor, e as pessoas podem avançar e retroceder entre elas. A jornada de cura do trauma é profundamente individual e complexa, variando de pessoa para pessoa.
Em última análise, a teoria dos "Três Tempos do Trauma" de Ferenczi oferece uma lente valiosa para entender o processo de cura após experiências traumáticas. Ela nos lembra que a recuperação não é um caminho linear, mas sim uma jornada cheia de altos e baixos, avanços e retrocessos. Ao compreender e respeitar esses tempos, os psicólogos e as pessoas em processo de cura podem abordar o trauma de maneira mais compassiva e eficaz, pavimentando o caminho para a reconstrução de uma vida emocional saudável e significativa.