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Desconectados do descanso: O impacto de uma vida hiperconectada

  • Foto do escritor: Ana Luiza Faria
    Ana Luiza Faria
  • 26 de abr. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 27 de abr. de 2024

Por Ana Luiza Faria

Dolce far niente

No ritmo acelerado da vida moderna, paira a questão intrigante: será que estamos viciados em trabalho? À primeira vista, pode parecer uma conjectura absurda. Afinal, o trabalho é uma parte fundamental de nossa existência, uma fonte de sustento, realização e propósito. No entanto, quando observamos mais de perto, podemos detectar sinais de uma obsessão sutil, uma compulsão para estar sempre ocupado, sempre produzindo. Talvez isso seja uma reação ao medo do vazio, à ansiedade que surge quando enfrentamos momentos de quietude e introspecção.


Ao contemplarmos essa questão, é inevitável lembrar da cultura italiana do "Dolce far niente", o doce prazer de não fazer nada. A imagem das praças movimentadas, onde as pessoas se reúnem para desfrutar da companhia umas das outras, saboreando um café ou apenas observando o mundo passar, contrasta fortemente com a mentalidade de produtividade incessante tão prevalente em outras partes do mundo. Essa filosofia italiana nos lembra da importância de encontrar equilíbrio entre o trabalho e o lazer, entre a realização e o descanso.


No entanto, para muitos de nós, o trabalho se tornou muito mais do que uma fonte de sustento. Ele se transformou em uma âncora para nossa identidade, uma fonte de validação e autoestima. O culto à produtividade nos pressiona a medir nosso valor pessoal pelo número de horas trabalhadas ou pela quantidade de realizações que acumulamos. Assim, tornamo-nos prisioneiros de uma mentalidade de "mais é sempre melhor", alimentando um ciclo de esgotamento e insatisfação constante.


Além disso, o avanço da tecnologia nos mantém conectados ao trabalho 24 horas por dia, sete dias por semana. Os smartphones e laptops nos permitem acessar e-mails, participar de reuniões virtuais e concluir tarefas a qualquer momento e em qualquer lugar. Embora essa conectividade ofereça uma flexibilidade sem precedentes, também dificulta a desconexão e o relaxamento. O trabalho invade cada aspecto de nossas vidas, minando nossa capacidade de desfrutar de momentos de lazer verdadeiro.


A pressão social também desempenha um papel significativo nesse vício em trabalho. Em uma cultura que valoriza a produtividade acima de tudo, aqueles que optam por tirar folgas prolongadas ou diminuir o ritmo são frequentemente vistos como preguiçosos ou descomprometidos. Essa pressão sutil nos leva a nos esforçar ainda mais, a fim de evitar o julgamento dos outros e manter uma fachada de sucesso e realização.


No entanto, é importante questionar se essa mentalidade de constante atividade realmente nos leva à felicidade e realização. Onde está o espaço para a contemplação, para a conexão com os outros e para o simples prazer de estar presente no momento? Talvez seja hora de reavaliarmos nossas prioridades e redescobrirmos o valor do equilíbrio entre trabalho e lazer. Encontrar tempo para descansar e recarregar não é um sinal de fraqueza, mas sim de sabedoria. Afinal, a verdadeira riqueza da vida reside não apenas naquilo que realizamos, mas também na capacidade de saborear os momentos de tranquilidade e conexão com o mundo ao nosso redor.

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