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Transtorno de despersonalização e desrealização

  • Foto do escritor: Ana Luiza Faria
    Ana Luiza Faria
  • 4 de set. de 2024
  • 3 min de leitura

Por Ana Luiza Faria

Transtorno de despersonalização/desrealização

O transtorno de despersonalização e desrealização é caracterizado por uma sensação persistente ou recorrente de estar desconectado do próprio corpo ou das experiências ao redor. Indivíduos afetados descrevem a sensação como se estivessem observando a si mesmos de fora, como em um sonho, ou como se o mundo ao seu redor fosse irreal. Essas sensações podem ser profundamente perturbadoras, levando a uma sensação de estranhamento em relação à própria existência e às interações cotidianas. A frequência e intensidade desses episódios variam, podendo ser desencadeados por estresse ou traumas passados. Embora essa condição cause grande desconforto, muitos não conseguem expressar claramente o que sentem, aumentando o sofrimento.


A despersonalização envolve uma desconexão interna, onde o indivíduo sente que perdeu o controle de seus próprios pensamentos e ações. Pode haver uma sensação de automação, como se estivesse assistindo a si mesmo em vez de viver ativamente. Por outro lado, a desrealização afeta a percepção do ambiente externo, tornando-o estranho ou distante. O mundo pode parecer artificial, sem vida, ou como se estivesse separado por uma barreira invisível. Esses episódios não indicam perda de contato com a realidade, mas sim uma distorção na forma como a mente processa as experiências.


Pessoas com essas sensações frequentemente se perguntam se estão "perdendo a cabeça" devido à natureza incomum dos sintomas. Essa sensação pode levar a um círculo vicioso de ansiedade e preocupação, exacerbando ainda mais a desconexão com a realidade. É comum que as pessoas afetadas sintam uma intensa necessidade de entender e controlar essas sensações, o que pode, paradoxalmente, intensificá-las. O ciclo pode se tornar tão dominante que atividades diárias simples se tornam extenuantes e desconcertantes.


As causas dessas condições são complexas e multifatoriais. Experiências de estresse extremo, traumas emocionais, ou situações ameaçadoras à integridade podem servir como gatilhos. Além disso, predisposições individuais, como uma sensibilidade maior ao estresse, podem aumentar a vulnerabilidade. Em alguns casos, os sintomas podem surgir como uma resposta de defesa da mente para se distanciar de experiências emocionalmente avassaladoras.


Durante esses episódios, pode ser difícil manter um senso de identidade ou de conexão com o mundo ao redor. A realidade parece distorcida, e o próprio corpo pode parecer desconhecido. Isso cria uma sensação de alienação e isolamento, onde as interações sociais perdem seu significado usual. Mesmo as memórias podem parecer desprovidas de emoção, como se pertencessem a outra pessoa. Essa desconexão pode impactar negativamente a autoestima e a qualidade de vida.


A intensidade dos sintomas pode variar ao longo do tempo, com períodos de exacerbação seguidos por fases de relativa estabilidade. No entanto, a imprevisibilidade dos episódios pode causar uma ansiedade constante sobre quando o próximo episódio ocorrerá. Esse medo contínuo de reviver os sintomas pode levar a um estado de hipervigilância, onde o indivíduo está constantemente monitorando seus pensamentos e percepções, o que pode intensificar o ciclo do transtorno.


A busca por alívio pode levar a comportamentos evitativos, onde o indivíduo tenta minimizar as situações que desencadeiam os sintomas. Isso pode incluir evitar locais, pessoas, ou atividades que, no passado, pareciam agravar a despersonalização ou desrealização. No entanto, essas tentativas de evitar os gatilhos muitas vezes limitam ainda mais a vida diária, contribuindo para um ciclo de isolamento e desconforto. A incapacidade de encontrar uma solução eficaz pode gerar um sentimento de desesperança.


Com o tempo, essas sensações podem se tornar uma parte intrusiva e debilitante da vida do indivíduo. A sensação constante de desconexão pode dificultar a concentração, o desempenho no trabalho, e as relações interpessoais. Amigos e familiares podem ter dificuldade em entender o que a pessoa está passando, o que pode aumentar o sentimento de solidão. A falta de compreensão externa pode reforçar a ideia de que a experiência é única e incompreensível, exacerbando o isolamento.


A psicoterapia pode ser uma ferramenta valiosa para aqueles que experimentam essas condições. Ao explorar as raízes emocionais subjacentes e desenvolver estratégias para lidar com os sintomas, a psicoterapia pode ajudar na construção de uma rotina mais leve e menos estressante. Com o suporte adequado, é possível melhorar a compreensão de si mesmo e encontrar maneiras de reduzir a intensidade dos episódios, levando a uma vida mais equilibrada.


É fundamental lembrar que, embora a despersonalização e a desrealização sejam desconcertantes, elas são respostas da mente a situações complexas e difíceis. Com o tempo e o esforço, muitos indivíduos encontram maneiras de reduzir a frequência e a intensidade dos sintomas, permitindo uma maior sensação de controle sobre suas vidas.

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